Ileides Muller

Dormi semente, acordei flor. É dia de poesia!

Textos


          ATRITOS 

     Pedra em nascente de rio é irregular, disforme, cheia de pontas. No roçar com outras pedras vai lentamente e dolorosamente se lapidando e, levada pela força natural, corre rio abaixo para um destino final. Durante o percurso, os inevitáveis atritos quebram-lhe as pontas e, ferida, vai se moldando, tomando outra forma, menos áspera, menos agressiva, menos perigosa. A suavidade da água, com paciência e brandura, cicatriza os ferimentos e molda a matéria bruta.
     Imersos na correnteza da vida, somos constantemente lapidados pelos atritos diários e invisivelmente curados pelas águas medicinais do tempo.



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Ileides Muller
Enviado por Ileides Muller em 28/04/2012
Alterado em 29/04/2012
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