AMANHECER PANTANEIRO
Por detrás da planície
o sol varre a noite e com mãos douradas estende sua luz no varal do dia. A manhã se espreguiça bocejante na varanda natural. Casas pantaneiras abrem os olhos e espiam a natureza espalhada em tapetes de orvalho. Fumaça de chaminés denuncia fogo em fogões a lenha, com perfume de café. Aves em revoada abandonam ninhais de veludo e em ritual ensaiado buscam a primeira refeição. Jacarés sonolentos, l e n t o s esparramam-se no beiral das águas e cobrem-se de sol. A cantiga do riacho desperta sucuris e embala a dança de peixes em aquáticos balés. No campo a boiada norna passeia e pinta de branco a bucólica paisagem chamando o peão à lida. E o valente peão pantaneiro ensaia uma prece a Deus e à Virgem Maria. O pão nosso ele agradece e vai tanger o novo dia. Da Antologia "Caminhos" - p.51 - Edição 2002
Ileides Muller
Enviado por Ileides Muller em 25/04/2006
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