LIRISMO CRÔNICO
Querem me internar. Dizem que estou doente que não vejo a realidade e tenho ideias transversais. Dizem que há muito tempo ando falando com as nuvens vendo rastros de borboletas ouvindo o cair de tardes sentindo cheiro de brisas dentro de latas furadas. Eu os entendo. Não sabem que sou poeta que vejo o que eles não veem sinto o que eles não sentem que navego nas metáforas e me visto de auroras para poder viver. Eu os perdoo porque não sabem que me alimento de palavras e me sacio de silêncios. Que preciso de poesia para não adoecer e a realidade que canto é aquela que eu invento. Ah, eles não sabem. Pensam que vão me curar. Que pena estão confusos! Nem imaginam que sinto lirismo crônico e para poesia não há remédio, nem parafusos. (Do livro: ENTRELINHAS) Ileides Muller
Enviado por Ileides Muller em 06/10/2015
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