TERREMOTO
Na madrugada italiana a terra surtou. Alguns, acordou. Outros, fez adormecer - para sempre - nas suas entranhas, sob montanhas de medo e escuridão. Quando amanhece, do alto do monte o longínquo horizonte verte poeiras e lágrimas que apagam o sol. Em cada olhar, mudo soluço medo latente morte evidente desolação. Sem mais janelas para sorrir, as flores enfeitam a morte antes de virarem pó. Sob os escombros, sonhos artes histórias construções medievais... O que era não é mais. Quem fica, não tem espaço para ficar nem endereço para voltar. A volta é abstrata. Só o caos é concreto. Mas, uma força no ar ainda acende a esperança de um novo amanhã. (Às cidades italianas de Amatrice, Pescara del Tronto, Arquata del Tronto e Accumoli, arrasadas pelo terremoto em 24-08-16) Prédios destruídos por terremoto em Amatrice, na região central da Itália (Foto Massimo PercossiANSAAP) Ileides Muller
Enviado por Ileides Muller em 29/08/2016
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